Revista Enunciação - v.4, n.2 (2019)
O presente número da Revista Enunciação foi organizado pelos professores Alessandro Bandeira Duarte e Robinson Guitarrari, líderes do Núcleo de Lógica e Filosofia da Ciência (NuLFiC). Encontram-se nele artigos relacionados à lógica, filosofia da linguagem e filosofia da ciência que foram escritos por professores e pesquisadores das seguintes universidades: UFMG, UFOP, UFAM, UFPE, PUC-Rio, UFJF, UNIFESP, UERGS, USP.O primeiro artigo intitulado A definição de verdade de Tarski de Abilio Rodrigues (UFMG) e Guilherme Cardoso (UFOP) apresenta, de forma tecnicamente acessível, a definição tarskiana de verdade e o teorema da indefinibilidade da verdade. Além disso, são discutidas a viabilidade dessa noção como capturando a noção de verdade por correspondência e as objeções de Kripke. Em Notas sobre quantificação irrestrita e semântica clássica, segundo artigo desse número, André Pontes (UFAM) discute a possibilidade de legitimação da quantificação irrestrita dentro da lógica clássica, passando por temas importantes tais como paradoxo do mentiroso e paradoxo de Russell. No terceiro artigo intitulado Simplicidade, caráter de regra e inserção em práticas, Luiz Henrique da Silva Santos (PUC-Rio) e Marcos Silva (UFPE) discutem a noção de logicamente simples em Frege e Wittgenstein, apresentando uma série de objeções. Além disso, propõem uma solução pragmática para lidar com os problemas levantados. Em Rudimentos de semântica modal para fórmulas abertas, Luciano Vicente (UFJF) apresenta uma interpretação para sentenças abertas numa lógica modal de predicados S5, trabalhando com dois tipos de atribuições: 1) atribuições absolutas e 2) atribuições relativas. No quinto artigo intitulado Brahe e Kepler: o desenvolvimento do copernicanismo, Claudemir Roque Tossato (Unifesp) discute duas influências sobre o desenvolvimento do copernicanismo: 1) as observações astronômicas de Tycho Brahe; e 2) a nova abordagem matemática que tinha sido proposta por Kleper. Em Controversias en la filosofia moderna sobre el valor de las humanidades, Jorge Alberto Molina (UERGS) busca descobrir as raízes históricas de alguns ataques contemporâneos às ciências humanísticas e seu texto é fundamento em três autores da modernidade: Bacon, Descartes e Vico.No artigo Three problems with Kuhn’s concept of “crisis”, Paulo Pirozelli examina criticamente como Thomas Kuhn apresenta a noção de crise no interior da sua concepção de desenvolvimento científica, considerando sobretudo The structure of scientific revolutions e The essential tension, além de artigos posteriores em que o tema reaparece. Como as crises kuhnianas são distinguidas das anomalias? As crises estão relacionadas ao cientista individual ou à comunidade científica? E, por fim, que papel as crises cumprem para gerar revoluções científicas? É ela uma condição necessária para que uma revolução científica aconteça ou se trata apenas de um ponto comum aos processos de mudança científica profunda? Ao tratar das dificuldades das possíveis respostas a essas questões, Pirozelli expõe um problema a ser resolvido para quem aceita a perspectiva kuhniana.Por fim, Caetano Ernesto Plastino, em Crise e formação de consenso na ciência segundo Kuhn, avalia a contribuição de Kuhn para uma explicação racional do processo de formação de consenso, considerando o processo de mudança a partir da crise que envolve cientistas e o paradigma vigente. O desdobramento do artigo indica que não é pertinente a crítica de Laudan, segundo a qual Kuhn não é capaz de fornecer uma explicação para a formação de consenso, como não é pertinente a acusação de Laudan de que o quadro de desenvolvimento científico defendido por Kuhn implica que o cientista se enreda num solipsismo que se autorreforça. A ideia defendida por Caetano é que Kuhn apresentou, ainda que não detalhadamente, uma explicação racional para a mudança de paradigma.
Organizadores do número: Alessandro Bandeira Duarte e Robinson Guitarrari