Simplicidade, caráter de regra e inserção em práticas

Autores

  • Luiz Henrique da Silva Santos PUC-Rio
  • Marcos Silva UFPE/CNPq

DOI:

https://doi.org/10.61378/enun.v4i2.78

Palavras-chave:

Atomismo Lógico, Simplicidade, Frege, Wittgenstein, Normatividade

Resumo

A abordagem fregeana para conceitos assume a existência do logicamente simples. Para tais entes não é possível uma definição própria: sendo simples, não podem ser decompostos. Os simples também são marca do atomismo lógico do Tractatus (1921) de Wittgenstein, onde são tomados como requerimento para que o sentido de uma proposição possa ser estabelecido. Carentes de definição, os logicamente simples devem ser entendidos, segundo Frege (1892), por meio de dicas ou indícios [Winke] direcionados a um interlocutor. Para o Wittgenstein do Tractatus, o entendimento do significado dos simples se dá através de elucidações [Erläuterungen]. Tal conceito parece remontar a Frege (1906), que delega às elucidações a tarefa de efetivar nosso entendimento dos indefiníveis. Um esclarecimento dessas noções básicas visa trazer uma abordagem diversa à admissão de simples como entidades metafísicas. Em vez de aceitar que Erläuterungen esclarecem objetos lógicos, tratamo-nas como instruções que buscam introduzir indivíduos em uma prática específica. Como consequência, essa inserção assume aspectos práticos, sociais e interacionais. A reflexão sobre simples no segundo Wittgenstein (1953) é utilizada como norte teórico, de tal maneira que a discussão sobre a existência de entidades dá lugar ao exame do papel normativo desempenhado por um termo simples num jogo de linguagem. Tal função expressa o caráter de regra da simplicidade e não nos compromete com a existência de quaisquer entidades essencialmente simples.

Biografia do Autor

  • Luiz Henrique da Silva Santos, PUC-Rio


Referências

BLANCHETTE, P. A. Frege’s conception of logic. New York: Oxford University Press, 2012.

ENGELMANN, M. Wittgenstein’s philosophical development : phenomenology, grammar, method and the anthropological view. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2013.

FREGE, G. The basic laws of arithmetic: exposition of the system. Los Angeles: University of California Press, 1964.

FREGE, G. Posthumous writings. Oxford: Basil Blackwell, 1979.

FREGE, G. Collected papers on mathematics, logic and philosophy. Oxford: Basil Blackwell, 1984.

GEACH, P. Saying and showing in Frege and Wittgenstein. Acta Philosophica Fennica, v. 28, p. 54–70, 1976.

GEACH, P.; BLACK, M. Translations from the philosophical writings of Gottlob Frege. Oxford: Basil Blackwell, 1960.

HACKER, P. M. S. Frege and wittgenstein on elucidations. Mind, v. 84, n. 336, p. 601–9, out. 1975.

HACKER, P. M. S. Insight and illusion : themes in the philosophy of Wittgenstein. Oxford: Clarendon Press, 1978.

IMAGUIRE, G. Dos nomes aos jogos. In: Colóquio Wittgenstein. Fortaleza, CE: Edições UFC, 2006. p. 155–76.

PROOPS, I. Wittgenstein on the substance of the world. European Journal of Philosophy, v. 12, n. 1, p. 106–26, abr. 2004.

QUINE, W. v. O. Word and object. Cambridge: MIT Press, 1960.

SILVA, M. Holismo e verofuncionalidade: sobre um conflito lógico-filosófico essencial. Philósophos,, v. 18, n. 2, p. 167–200, 2013.

WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus. London and New York: Routledge, 1974.

WITTGENSTEIN, L. Philosophical investigations. Translated by G.E.M. Anscombe, P.M.S. Hacker, and Joachim Schulte. – Rev. 4th ed. / by P.M.S.

Hacker and Joachim Schulte. Oxford: Blackwell Publishing Ltd., 2009.

Downloads

Publicado

2020-04-01