Mundo-sem-nós e Nós-sem-mundo
O paradoxo dos zumbis
DOI:
https://doi.org/10.61378/yeqm7v88Schlagwörter:
Zumbis, Antropoceno, Reconhecimento, MundoAbstract
Os conceitos de “mundo-sem-nós” e “nós-sem-mundo”, cunhados por Eduardo Viveiros de Castro e Déborah Danowski na obra Há mundo por vir? (2017), se colocados em relação aos zumbis cinematográficos, criaturas que desafiam a diferenciação cartesiana de res cogitans e res extensa por não possuírem consciência, ou seja, não terem a capacidade de reconhecimento do mundo, promovo a pergunta: como seria – emprestando a formulação de Giorgio Agamben (2006) – se não houvesse nem mundo e nem humanos, sem que com isso ecossistema e espécie deixassem de ser? É possível haver mundo-sem-nós ou nós-sem-mundo sem a diferenciação entre Natureza e Cultura? A hipótese que pretendo trabalhar ao longo do desenvolvimento deste texto é que, após investigar os conceitos propostos, poderá se concluir que as figuras cinematográficas contemporâneas dos zumbis existem pois mobilizam os mesmos conceitos dualísticos utilizados para diferenciar e hierarquizar seres que influenciaram a sua gênese no folclore pós-colonial do Haiti. Para fornecer uma resposta a essas questões, proponho uma investigação dos conceitos de “nós”, “mundo” e “reconhecimento”.
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