A língua feminina de Nóssis de Locri
DOI:
https://doi.org/10.61378/enun.v8i2.189Palabras clave:
Nóssis; Eros; epigrama; SafoResumen
Quando se trata da Antiguidade grega, o silêncio e o silenciamento das mulheres parecem ser a regra. Suas tarefas estão circunscritas, na maioria dos casos, ao lar e ao tear. Suas vozes parecem não cruzar as portas de seus lares, porque as mulheres não devem falar em público. Mas se ouvirmos atentamente, veremos que são muitas as que ousaram falar para outras mulheres e igualmente para quem quisesse ouvi-las. Nóssis de Locri, que teria vivido no século III a.C, é uma dessas mulheres da antiguidade que elevou sua voz para que hoje possamos escutá-la. Seus poemas têm a forma de epigramas, forma literária comum na época helenística, que, por sua exposição em espaços públicos, convidam a todos a escutar seus versos. O tema central de sua poesia – Eros – nos revela a influência decisiva de Safo em seu pensamento, possível de ser percebida de forma implícita e explícita uma vez que a poetisa de Mitilene é nomeada em seus versos. Este trabalho pretende voltar a escuta para os versos de Nóssis, aquela amada pelas Musas e por Safo – como ela própria se nomeia – aquela que se recusou a calar-se e que se ocupou de uma atividade, sobretudo masculina, a poesia, mas não para falar como um homem e sim para, a partir da experiência de sua própria feminilidade, nos fazer escutar as questões de seu tempo e de seu pensamento.
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