Ancestralidade por vir

Autores

  • Alexandre de Oliveira Fernandes professor de Língua Portuguesa e Literatura do IFBA, professor do Programa de Pós Graduação em Relações Étnico-Raciais (PPGREC) da Universidade do Sudoeste da Bahia (UESB) e do Programa de Pós-Graduação em Letras, Linguagens e Representações (PPGL) da Universidade Estadual de Santa Cruz

DOI:

https://doi.org/10.61378/enun.v5i2.108

Palavras-chave:

ancestralidade, estudos pós-coloniais, metafísica da presença, Jacques Derrida, Desconstrução.

Resumo

A presente leitura pós-colonial acerca de um grito de uma mulher negra que irrompe em uma missa no Senegal permite-me argumentar em torno de uma “identificação de ancestralidade”. O grito ora em tela, desloca a ancestralidade, sem reunião possível, que não seja contextual e contingente. Não evoca um desaparecimento da ancestralidade, mas sua postergação, nem para frente, nem para trás. Focando no porvir ancestral, em uma  ancestralidade por vir, o presente artigo reflete o acontecimento e a maquinaria em torno daquele grito: nem “o” primeiro nem “o” último, sempre o “penúltimo” grito. Para além da obviedade do som, aquele grito funciona como um arquivo, cujo corpus é capaz de “consignar”, ou seja, reunir signos voláteis, embaraçosos e delicados, marcados por fronteiras, borraduras e traumas. Denota que a Ancestralidade, compreendida na chave da Ordem e da Metafisica da Presença não está assegurada.

 

 

Referências

APPIAH, K. A. Na Casa De Meu Pai: A África na filosofia da cultura. Editora

Contraponto. Rio de Janeiro. 1997.

BERNARDINO-COSTA, J.A prece de Frantz Fanon: Oh, meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona! Civitas, Rev. Ciênc. Soc., Porto Alegre, v. 16, n. 3, p. 504-521, set. 2016.

BHABHA, H. K. O local da cultura. Tradução: Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.

___________. O bazar global e o clube dos cavalheiros ingleses: textos seletos de Homi Bhabha. Organização: Eduardo F. Coutinho, Introdução: Rita T. Schmidt; Tradução: Tereza Dias Carneiro. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

___________. A questão do “outro”. Diferença, discriminação e o discurso docolonialismo. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco 1991.

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BENTO, M. A. S. Pactos narcísicos no racismo: Branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. Tese (Doutorado) – Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

CÉSAIRE, A. Discurso sobre o colonialismo. São Paulo: Veneta, 2020.

CLÉMENT, C.; KRISTEVA, J. O feminino e o sagrado. Tradução de Rachel Gutiérrez. Editora Rocco. Rio de Janeiro, 2001.

DERRIDA, J. O monolinguismo do outro ou a prótese de origem. Belo Horizonte: Chão da Feira, 2016.

___________. Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Trad. Claudia de Moraes Rego. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

___________. Psyché: l´inventios de l´autre. Paris: Éditions Gaillé, 1998.

FANON, F. Peles negras, máscaras brancas. Rio de Janeiro: Ed. Fator, 1983.

___________. Toward the African revolution. New York: Grove Press, 1967.

FREUD, S. Moisés e o monoteísmo. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1975.

HADDOCK-LOBO, R. Derrida e a experiência colonial: Para o outro lado do

Mediterrâneo e além... Ensaios Filosóficos, Volume XIX, julho, 2019.

KRISTEVA, J.; CLEMENT, C. O feminino e o sagrado. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

NASCIMENTO, B. Daquilo que se chama cultura. Em: RATTS, Alecsandro (Alex) J. P. Eu sou atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.

PASSOS, M. M. Exu pede passagem: uma análise da divindade africana à luz da psicologia de Carl Jung. São Paulo: Terceira Margem, 2003.

PAZ, O. Vislumbres da Índia. Tradução: Olga Saravy. São Paulo: Mandarim, 1996.

SODRÉ, M. A verdade seduzida: por um conceito de cultura no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

VIVEIROS DE CASTRO, E. B. Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

VOLTAIRE, F. M. A. Dicionário Filosófico. Tradução: Ciro Mioranza e Antônio Geraldo da Silva. São Paulo: Escala, 2008.

Downloads

Publicado

2021-08-10