A “ameaça tenebrosa”: Antropoceno, Catástrofe ambiental e Cosmopolíticas da Responsabilidade
DOI:
https://doi.org/10.61378/858h2m04Palavras-chave:
Hans Jonas, Antropoceno, crise ambiental , responsabilidade , justiça climáticaResumo
O presente artigo pretende apresentar os desafios teóricos, éticos e cosmopolíticos impostos pelo Antropoceno, com destaque para as teorias científicas que o embasam. Para isso, iniciaremos analisando o conceito de Antropoceno, destacando a ruptura entre natureza e civilização como uma das marcas da modernidade (a “constituição moderna”). Dada a onipresença do ser humano em todos os lugares do planeta e o avanço dos poderes tecnológicos a partir do século XVII, o Antropoceno se apresenta como parte do processo no qual a tecnociência acaba por anular outras formas de vida e outras cosmovisões. Caberia, nesse caso, à ciência, compreender e propor iniciativas capazes de identificar os problemas, desafios e formas de enfrentamento do novo cenário. Como demonstraremos, isso exige investigar estratégias de enfrentamento cosmopolítico desenvolvidas pelas narrativas dos povos tradicionais (outras ontologias), que são capazes de influenciar diretamente os agentes políticos em nível internacional, principal. Por fim, pretendemos demonstrar que a filosofia jonasiana, a partir do princípio responsabilidade, se apresenta como uma alternativa teórica para o enfrentamento do problema ambiental.
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