Antropofagia, tempo e dívida
DOI:
https://doi.org/10.61378/ktyf9m47Palavras-chave:
Antropofagia, Espaço, Tempo, Dívida, MatriarcadoResumo
Este artigo aborda a relação entre a dívida e a temporalidade no pensamento de Oswald de Andrade a partir da interlocução do pensamento do autor com a obra de Nietzsche, especialmente a Segunda Dissertação da Genealogia da Moral. Para isso, serão discutidos alguns aspectos do papel da relação credor-devedor na ascensão da má-consciência na perspectiva nietzscheana, processo que possui convergências com o que Oswald de Andrade denominou de “queda”, ou passagem do Matriarcado ao Patriarcado. Um dos objetivos deste trabalho é, portanto, elucidar a relação espaço-temporal como critério da classificação cultural oswaldiana entre matriarcado e patriarcado, considerando que o modo como essa relação é estabelecida passa pela relação credor-devedor. O patriarcado, que é caracterizado pela cultura messiânica e individualista, é definido como expressão social do ser humano em seu estado de negatividade. A negatividade do ser humano é, para Oswald de Andrade, a quarta dimensão do cosmos: o próprio tempo. Também corresponde à quarta dimensão uma propriedade devorativa restritiva que se opõe à propriedade devorativa da dimensão positiva, que é a dimensão espacial. Ao contrário da devoração negativa, a antropofagia (ou devoração positiva) teria a propriedade de transformar permanentemente o tabu em totem- o negativo em positivo. Como contraponto ao desvio do sentido da dívida que configura o patriarcado, é possível identificar o ócio, a arte e o vínculo com a terra.
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