Sobre la revista

A Revista Enunciação, criada em 2016, é uma publicação oficial, de periodicidade semestral do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPGFIL-UFRRJ).

Temos por missão publicar textos de qualidade e relevância escritos por doutores, mestres ou pós-graduandos em Filosofia do Brasil e do exterior. São textos publicáveis artigos originais, resenhas de obras recentes e traduções de clássicos.

Esta Revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

A Revista Enunciação não tem qualquer opção doutrinal ou temática determinada, contudo os pesquisadores responsáveis pelas edições sempre visarão preservar o rigor da linguagem conceitual/argumentativa que deve caracterizar o pensamento filosófico.

Criada por integrantes do corpo docente do PPGFIL-UFRRJ, é vinculada à editora do mesmo Programa e dela compartilha a comissão editorial. Eventualmente, editores externos são convidados para organizar números temáticos.

Avisos

Chamada de artigos para o dossiê: É possível traduzir alétheia? Martin Heidegger e a questão da verdade

2024-06-16

Revista Enunciação - Dossiê É possível traduzir alétheia? Martin Heidegger e a questão da verdade

Para Heidegger, desde os anos 20 do século passado, a tradução de ἀλήθεια por veritas/verdade, juntamente com o conceito formal de verdade como adequação do enunciado às coisas, tornou-se problemática e digna de ser questionada. Em Ser e tempo (1927) e na preleção Da essência da verdade (1930), Heidegger chega a defender que a verdade do enunciado deriva de uma “verdade” anterior, direta, situada no comportamento prático. Para conferir peso a esta tese, advoga um retorno aos gregos e não hesita em recorrer a Aristóteles, negando, categoricamente, que o Estagirita tivesse, alguma vez, defendido que o “lugar” originário da verdade fosse o juízo. Heidegger, por sua vez, traduz ἀλήθεια por desvelamento (Unverborgenheit), acentuando precisamente o caráter privativo presente no “alfa” inicial da palavra. Ao pronunciar ἀ-λήθεια, Heidegger acaba conferindo protagonismo ao velamento em detrimento do disponível e do manipulável, do que se pode sempre constatar, assegurar, comprovar. Em O fim da filosofia e a tarefa do pensamento (1964), porém, o filósofo alemão afirma que “a questão da Alétheia, a questão do desvelamento como tal, não é a questão da verdade. Foi por isso inadequado e, por conseguinte, enganoso denominar a Alétheia, no sentido da clareira, de verdade”. Tendo em vista a centralidade do conceito para todo o percurso de sua reflexão, as consequências de tal constatação são múltiplas e complexas.

Em face dessa complexibilidade e com a proposta de refletir sobre o futuro do questionamento heideggeriano acerca da essência da verdade - diante notadamente dessa constatação central e tardia do próprio Heidegger - realizou-se, nos dias 16, 17 e 18 de abril de 2024, e com apoio dos Programas de Pós-graduação da UFRRJ, UFRJ e UFPB, o Simpósio Internacional “É possível traduzir ἀλήθεια? Martin Heidegger e a questão da verdade”, título orientador deste dossiê cuja proposta é também pensar acerca dos caminhos e das possibilidades do questionamento heideggeriano acerca da essência da verdade.

Receberemos artigos em português, inglês, francês e espanhol até 30/09/2024, através do site da Revista Enunciação: http://www.editorappgfilufrrj.org/enunciacao.

Editora do dossiê: Profa.Dra.Christiane Costa

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Vol. 9 Núm. 1 (2024): Dossiê Antropoceno
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A Subcomissão de Estratigrafia Quaternária da União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS) concluiu recentemente que ainda não podemos afirmar que vivemos no Antropoceno. Essa decisão técnica teve como fundamento o fato de não haver um evento geológico de referência que marque a mudança do atual período geológico, o holoceno, para o antropoceno, embora alguns cientistas, como o próprio presidente da SQS Jan Zalasiewicz, sustentem que o Lago Crawford, no Canadá, que apresenta marcações de eventos antropogênicos, como experimentos atômicos, poderia sustentar a nova tese geológica. Apesar da rejeição da oficialização do antropoceno como novo período geológico, isso não significa que o impacto das ações humanas sobre o planeta seja algo que se possa ignorar. As mudanças climáticas e as catástrofes decorrentes de seus efeitos são reais, independentemente da mudança na nomenclatura de nossa época geológica.

Na última década, o Brasil passou por eventos extremos de secas, como a que atingiu a região amazônica em 2023, e de chuvas, como os desastres que ocorreram em Petrópolis (RJ) em 2022 e em 2023. Neste momento, é o Rio Grande do Sul que sofre com o maior desastre socioambiental de sua história devido às chuvas extremas que atingiram o estado no início de maio de 2024. De acordo com o cientista do clima Carlos Nobre, não há registros sobre tamanho volume de chuva em tão curto período na região. Em menos de 15 dias choveu mais que 800 milímetros em 60% do território do estado, o que equivale ao acumulado médio de 5 meses. Esses eventos extremos, de acordo com os cientistas, possuem relação direta com o aquecimento do planeta causado pela emissão de CO2 na atmosfera.

A urgência da questão ambiental transforma a ideia de antropoceno em ferramenta necessária ao pensamento para enfrentar os desafios políticos e existenciais do tempo das catástrofes, como diria Isabelle Stengers. Os artigos aqui reunidos refletem sobre essa urgência, a mais grave do nosso tempo. 

 

Editora: Michelle Bobsin Duarte

Publicado: 2024-06-14

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