Mundo-sem-nós e Nós-sem-mundo

O paradoxo dos zumbis

Autor/innen

  • Stefany Stettler Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC SP

DOI:

https://doi.org/10.61378/yeqm7v88

Schlagwörter:

Zumbis, Antropoceno, Reconhecimento, Mundo

Abstract

Os conceitos de “mundo-sem-nós” e “nós-sem-mundo”, cunhados por Eduardo Viveiros de Castro e Déborah Danowski na obra Há mundo por vir? (2017), se colocados em relação aos zumbis cinematográficos, criaturas que desafiam a diferenciação cartesiana de res cogitans e res extensa por não possuírem consciência, ou seja, não terem a capacidade de reconhecimento do mundo, promovo a pergunta: como seria – emprestando a formulação de Giorgio Agamben (2006) – se não houvesse nem mundo e nem humanos, sem que com isso ecossistema e espécie deixassem de ser? É possível haver mundo-sem-nós ou nós-sem-mundo sem a diferenciação entre Natureza e Cultura? A hipótese que pretendo trabalhar ao longo do desenvolvimento deste texto é que, após investigar os conceitos propostos, poderá se concluir que as figuras cinematográficas contemporâneas dos zumbis existem pois mobilizam os mesmos conceitos dualísticos utilizados para diferenciar e hierarquizar seres que influenciaram a sua gênese no folclore pós-colonial do Haiti. Para fornecer uma resposta a essas questões, proponho uma investigação dos conceitos de “nós”, “mundo” e “reconhecimento”.

Autor/innen-Biografie

  • Stefany Stettler, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC SP

    Mestranda em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Peter

    Pál Pelbart.

Literaturhinweise

AGAMBEN, Giorgio. A Linguagem e a morte: um seminário sobre o lugar da negatividade. Belo Horizonte: UFMG, 2006.

CARROLL, Noël. The Philosophy of Horror or Paradoxes of the Heart. Nova Iorque, Londres: Routledge, 2004.

CHAKRABARTY, Dipesh. The Human Condition in the Anthropocene. IN: The Tanner Lectures in Human Values. New Haven: Yale University. 2015. p. 136-188.

COHEN, Jeffrey Jerome. Undead: A Zombie Oriented Ontology. Journal of the Fantastic in the Arts, Vol. 23, No. 3, 2012. p. 393-412.

COMENTALE, Edward P.; JAFFE, Aaron. Introduction: The Zombie Reseach Center FAQ. IN: COMENTALE, E. P.; JAFFE, A. (Eds.). The Year's Work at the Zombie Research Center. Bloomington: Indiana University Press, 2014. p. 01-58.

CRUTZEN, Paul; STOERMER, Eugene. The “anthropocene”. Global Change Newsletter, 41, 2000. p. 17-18.

DANOWSKI, Déborah; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Desterro: Cultura e Barbárie, 2017.

DENDLE, Peter. Zombie Movies and the "Millenial Generation". IN: CHRISTIE, D.; LAURO, S. J. (Eds.). Better off dead: The Evolution of the Zombie as a Post-Human. Nova Iorque: Fordham University Press, 2011. p. 175-186.

DESCARTES, René. Discurso do método. IN: Coleção Os Pensadores: Descartes. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 25-71.

DESCARTES, René. Meditação segunda. IN: Coleção Os Pensadores: Descartes. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 91-98.

FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FAUSTO, Juliana. A cosmopolítica dos animais. Tese (Doutorado em Filosofia). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Filosofia, 2017. 300f.

GASTON, Sean. The Concept of World from Kant to Derrida. Nova Iorque, Londres: Rowman & Littlefield, 2013.

GIBSON, John. Zombie Philosophy. IN: COMENTALE, E. P.; JAFFE, A. (Eds.). The Year's Work at the Zombie Research Center. Bloomington: Indiana University Press, 2014. p. 416-436.

HARAWAY, Donna. Promises of Monsters: A Regenerative Politics for Inappropriate/d Others. IN: GROSSBERG, L.; NELSON, C.; TREICHLER, P. A. (Eds.). Cultural Studies. Nova Iorque, Londres: Routledge, 1992. p. 295-336.

HARAWAY, Donna. O Manifesto Ciborgue. IN: HARAWAY, D.; KUNZURU, T. Antropologia do ciborgue: As vertigens do pós-humano. 2a. Edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 35-118.

HARAWAY, Donna. Staying with the Trouble: Making Kin in the Chthulucene. Durham, Londres: Duke University Press, 2016.

HEGEL, Georg W. F. A fenomenologia do espírito. 9a. Ed. Trad. Paulo Meneses. Petrópolis: Vozes, 2014.

HURSTON, Zora Reale. Zombies. IN: HURSTON, Z. R. Tell my Horse: Voodoo and Life in Haiti and Jamaica. Nova Iorque: HarperCollins, 2009.

KOLBERT, Elizabeth. A sexta extinção: uma história não natural. Trad. Mauro Pinheiro. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.

LATOUR, Bruno. Diante de Gaia: oito conferências sobre a natureza no Antropoceno. Trad. Maryalua Meyer. São Paulo, Rio de Jameiro: Ubu, Ateliê de Humanidades, 2020.

LAURO, Sarah J., EMBRY, Karen. A Zombie Manifesto: The Nonhuman Condition in the Era of Advanced Capitalism. Boundary, 2, 2008. p. 85–108.

LIDDELL, Henry George; SCOTT, Robert (Orgs.). A Greek-English Lexicon. Oxford: Clarendon Press, 1996.

LOVELOCK, James. The Ages of Gaia. Oxford: Oxford University Press, 1990.

MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. What is Life? Nova Iorque: Simon and Schuster, 2000.

MITCHELL, Peta. Contagion, Virology, Autoimmunity: Derrida’s Rhetoric of Contamination. Parallax, 23, 1, 2017. p. 77-93.

MORTON, Seth. Zombie Politics. IN: COMENTALE, E. P.; JAFFE, A. (Eds.). The Year's Work at the Zombie Research Center. Bloomington: Indiana University Press, 2014. p. 315-340.

ROUTLEY, Richard [Sylvan]; ROUTLEY, Val [Plumwood]. Against the Inevitability of Human Chauvinism. IN: GOODPASTER, K. E.; SAYRE, K. M. (Eds.) Ethics and Problems of the 21st Century. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1979.

RUTHVEN, Andrea. Zombie Postfeminism. IN: COMENTALE, E. P.; JAFFE, A. (Eds.). The Year's Work at the Zombie Research Center. Bloomington: Indiana University Press, 2014. p. 341-360.

SEABROOK, William. "... Dead Men Working in the Cane Fields". IN: SEABROOK, W. The Magic Island. Mineola: Dover, 2016. p. 92-103.

SPINOZA, Benedictus de. Ética. Trad. Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

STANLEY, Wendell M. The isolation and properties of crystalline tobacco mosaic virus. Nobel Lecture, 12 dez., 1946. 21p. Disponível em: https://www.nobelprize.org/uploads/2018/06/stanley-lecture.pdf. Acesso em: 10 de setembro de 2022.

WALKING Dead, The [Seriado]. Produzido por Jolly Dale, Caleb Womble, Paul Gadd e Heather Bellson. Estados Unidos: AMC Studios, 2010.

Veröffentlicht

2024-06-14